Para Luisa, a conquista tem um sabor ainda mais especial. Ela se tornou a primeira brasileira desde Maria Esther Bueno no US Open de 1968 a conquistar um título de Grand Slam.
"É um momento incrível, um sonho realizado. Especial dividir isso com o Rafa, nosso primeiro Grand Slam juntos. Fizemos história para o Brasil aqui na Austrália, e está sendo extremamente especial esse momento. Estou muito feliz em dividir isso com nossa família, amigos, equipe aqui e em casa. Sentimos a energia e a torcida no Brasil e aqui em Melbourne. Hoje era um jogo duro, sabia que teria momentos nervosos, mas lidamos super bem. Segurar e ganhar aquele primeiro set foi importante e nos saímos muito bem", disse a tenista paulistana, medalhista olímpica de bronze em Tóquio.
"Em novembro quando estava decidindo o calendário para o começo do ano, inclusive para uma parceria regular, mandei uma mensagem para o Rafa e a United Cup era um novo evento, não sabíamos o que esperar. Quando as coisas foram rolando conversamos de jogar aqui no Australian Open e a United Cup antes, que só tinha dupla mista. Foi muito divertido em Brisbane, tivemos o ambiente do time todo, com torcida, com ótima energia", completou Luisa.
Além de ter feito história, o resultado em Melbourne simboliza também superação para Luisa, que em seu último Grand Slam, disputado em setembro de 2021, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito. A tenista precisou ar por uma intervenção cirúrgica em Chicago, nos Estados Unidos, e precisou ar por uma longa recuperação de um ano, voltando às quadras apenas em setembro do ano ado.
"É o melhor momento da minha carreira, desde a lesão nas semis do US Open (em setembro de 2021). É minha partida mais importante, tirando a Olimpíada. Foi um grande choque ter ficado fora por tanto tempo, mas procurei usar esse período com inteligência, voltei para casa em São Paulo e foi uma grande mas importante mudança. Fiz a reabilitação, foi duro, mas aprendi muita coisa fora do tênis, especialmente poder ficar com a família e trabalhando em coisas que quando estamos no circuito não temos tempo. Tive um bom trabalho mental com meu time, que foi extremamente importante. Meu técnico, Leonardo Azevedo, meu fisioterapeuta, Ricardo Takahashi, me ajudaram a voltar mais forte. Hoje sem dores e muito feliz, seguindo adiante", contou.
Ela comentou ainda sobre seu processo de recuperação e o retorno ao tênis, com a ajuda de profissionais capacitados que lhe deram todo o e necessário para retomar seu mais alto nível de jogo.
"Tive uma boa cabeça para o retorno e tentei fazer o melhor. Tive grandes parceiras, não poderia ter ninguém melhor do que a Gabi (Gabriela Dabrowski) para fazer essa volta. Me senti muito confortável com ela, fiquei muito feliz com a volta em Chennai, na Índia, jogando um WTA 250, o que me deu grande confiança naquela semana que foi especial. Agora meu foco é me manter saudável, confiar no meu corpo. É um trauma quando seu corpo sofre (a lesão), depois de trabalhar tanto tempo. Você trabalha muito para voltar, é uma grande jornada. Nem todos os dias foram fáceis. No tênis, com ou sem lesão, amos por muitas adversidades com o corpo e com a cabeça especialmente no alto nível. Lutei muito para retomar o caminho e a confiança voltou com o trabalho e com as vitórias. Rafa me ajudou muito nas partidas aqui com a comunicação e enfrentando parceiras que adoro, meninas que me motivavam, me inspiravam, que iro como jogadoras e como pessoas. Isso tudo me ajudou a ter sucesso", concluiu a tenista paulista.
Campanha no Australian Open
Primeira rodada: Stefani/Matos d. Han/Zhang por 6/2 e 6/0
Oitavas de final: Stefani/Matos d. Mattek-Sands/Pavic por 6/4 e 6/4
Quartas de final: Stefani/Matos d. Cabrera/Smith por 6/3 e 6/4
Semifinal: Stefani/Matos d. Gadecki/Polmans por 4/6, 6/4 e 11/9
Final: Stefani/Matos d. Mirza/Bopanna por 7/6(2) e 6/2