Depois de um primeiro dia em que a jovem deu seu depoimento a portas fechadas, e seus dois acompanhantes corroboraram o estado nervoso em que a encontraram, nesta terça-feira (6), estavam citadas cerca de 20 testemunhas, entre elas vários dos policiais que atenderam a jovem, empregados da boate onde supostamente o estupro aconteceu e o amigo brasileiro que acompanhava o esportista naquela noite.
Como já ocorreu no dia anterior, o ex-jogador do São Paulo chegou ao Tribunal de Barcelona vindo da prisão onde está detido há mais de um ano e escutou os depoimentos da primeira fila, escoltado de perto por um policial. Vestido com uma camisa cinza, calça escura e tênis esportivo, o ex-capitão da Seleção, de 40 anos, se manteve em silêncio e com a feição séria.
Assistido por uma tradutora do português para o espanhol, seu amigo Bruno alegou que Daniel Alves havia bebido muito no dia do ocorrido, após várias horas comendo e ingerindo álcool em vários locais, até que o ex-lateral do Barça e do PSG e ele decidiram terminar a noite de 30 para 31 de dezembro de 2022 na boate Sutton.
A menção do possível estado de embriaguez do jogador pode esboçar a estratégia de defesa de seus advogados, visto que o álcool pode ser visto como um atenuante.
Depois de convidar as três jovens para compartilhar com eles a sua mesa na área VIP do local, Daniel Alves manteve com a denunciante uma "interação respeitosa", segundo seu amigo, que contou que o viu ir ao banheiro e, logo depois, a jovem.
Ao sair do banheiro, Alves "seguiu dançando" e não falaram sobre o que havia ocorrido, disse.
O jogador, que deve depor na quarta-feira (7), assegura que a relação que manteve com a denunciante foi consentida.
Sua versão não se assemelha com a da denunciante e a do Ministério Público, que pede nove anos de prisão para o ex-jogador brasileiro por um suposto crime de "agressão sexual com penetração", além do pagamento de uma indenização de 150 mil euros (cerca de 162 mil dólares ou 800 mil reais) para a mulher e 10 anos de liberdade vigiada após cumprir a pena.
Vários dos agentes que testemunharam falaram sobre o estado de nervos e "choque" em que encontraram a jovem em sua chegada à boate, assim como sua preocupação porque "não acreditariam" em sua denúncia.
O julgamento contra o jogador começou na segunda-feira no Tribunal de Barcelona, cercado de grande expectativa midiática.
A primeira audiência contou com a declaração da denunciante, para quem os magistrados haviam determinado uma série de medidas de proteção em relação ao seu anonimato, assim como a instalação de um biombo para evitar "confrontação visual" com o acusado.