Para começo de conversa, os valores da lista não são exatos, já que a Forbes não tem o às contas bancárias dos atletas.
Ou você acha que o Cristiano Ronaldo mandou seu imposto de renda à redação da revista? Não, não mandou, mas nesta quinta-feira (15) o novo ranking viralizou novamente.
A Forbes explica que avalia o valor total dos ativos dos ricaços, “incluindo participações em empresas públicas e privadas, imóveis, yachts e outros investimentos”, mas que seus números são aproximados.
Mas os números não importam.

O ranking dos mais milionários é conteúdo fácil, e meio inconsequente. Não faz diferença se o CR7 ganhou US$ 200 milhões ou 275 milhões no ano – são cifras intangíveis para (quase) todo mundo de qualquer maneira.
O que importa para quem compartilha é o ranking em si (todo mundo adora ranking), o fetiche da riqueza e o voyeurismo de ver os ganhos das celebridades.
É por isso que bons órgãos de imprensa compartilham essa grande e enorme obscenidade. A lista até poderia servir como exemplo de vários problemas. Por que entra ano, sai ano, não há mulheres no topo do ranking? Como chegamos nessa concentração bizarra de renda?
Mas a forma feliz e acrítica com que é compartilhada – vide tuíte do ge acima –, apenas normaliza o que faz a Forbes, uma publicação que considera os super-ricos algo super legal.
“As 10 superestrelas coletivamente arrecadaram US$ 1,4 bilhão", comemora a Forbes em seu relatório. Se acreditarmos no levantamento da revista, o que estas 10 pessoas ganharam em 2024 pagaria o salário mínimo de quase 500 mil brasileiros durante o ano inteiro.
Isto sem contar que o salário do atleta mais rico mundo, Cristiano Ronaldo, é pago por um programa de sportswashing bancado por combustível fóssil.

Todo ano a Forbes publica impunimente seus rankings das maiores pessoas físicas concetradores de renda do mundo. Enquanto isso, o "príncipe" Neymar coleciona carros de luxo e o salário médio de um futebolista no Brasil é de cerca de R$ 4 mil.
Dá para entender que a mídia compartilhe o ranking da Forbes atrás de clique fácil. Sem um pouco de contexto, porém, isso só ajuda a celebrar um sistema que faz chover Ferraris para um enquanto milhões de pessoas não conseguem comprar uma chuteira para trabalhar.
