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Fim da era Deschamps expõe falta de candidatos confiáveis para comando da França

Zinedine Zidane é o principal candidato para substituir Didier Deschamps como técnico da França
Zinedine Zidane é o principal candidato para substituir Didier Deschamps como técnico da FrançaNICOLAS TUCAT / AFP
Didier Deschamps anunciou que a Copa do Mundo de 2026 será a última competição no comando da seleção sa. Há apenas 18 meses para a Copa, sua sucessão já está sendo organizada. E, embora Zinedine Zidane possa ser a escolha óbvia, isso é um sinal da falta de opções de técnicos para a França, inclusive na Ligue 1.

A realidade é que o grupo de treinadores ses é tão profundo quanto uma poça. Quem, além de ZZ, pode reivindicar o cargo mais alto? Thierry Henry depois da final olímpica? Bruno Génésio, pelo recorde na Liga dos Campeões, ou mesmo Franck Haise, pelo recorde na Ligue 1? Willy Sagnol depois da Eurocopa com a Geórgia, ou Rudi Garcia, que se exportou com relativo sucesso para a Itália? Isso é tudo.

Confira a classificação da Ligue 1

A seleção da França adiou o prazo, confortada pelos bons resultados e despreocupada com o jogo, que piorou de competição em competição. Foi a saída mais fácil evitar pensar na falta de renovação entre os técnicos ses, que não são muito procurados em ligas estrangeiras.

O cenário é preocupante o suficiente para levantar a questão de quais são os critérios de issão do certificado de técnico e o ensino oferecido. Todo o processo de treinamento de ses e de ajudá-los a progredir para o mais alto nível é difícil. Se Deschamps permaneceu no comando dos Bleus por tanto tempo, não foi só por seus resultados: não há concorrentes e nem mesmo Zidane teve influência suficiente para virar o jogo.

Paris Saint-Germain, Mônaco, Olympique de Marselha e seis outros clubes têm técnicos estrangeiro; cinco têm um técnico com 57 anos ou mais. As nomeações de Éric Roy no Brest, Pierre Sage no Lyon e Haise no Lens foram jogos de sorte e resultado do acaso. Em 2026, Zidane estará fora do comando técnico há cinco anos. Uma eternidade.

Em um país onde praticamente não há jovens treinadores e onde, de modo geral, a corporação não é muito inovadora e não é exportada (apenas Patrick Vieira, do Genoa, está no comando de um dos quatro principais campeonatos europeus), as escolhas não são acirradas.

Zidane é a escolha fácil para todos, a começar por Philippe Diallo, que não vai querer ser visto como o presidente da FFF que fechou a porta para o ídolo. Mas será que Zidane quer isso? Ao que parece, sim. Tudo está pronto para que se torne técnico, mas a geração que está surgindo (bastante limitada no momento) pode desanimá-lo. O francês nunca correu o risco de sair de sua zona de conforto.

Nada de Premier League porque não fala inglês, nada de PSG porque é de Marselha (e porque ele também não é louco), nada de Juventus porque o nível econômico despencou nos últimos anos. Zidane terá que superar isso, porque agora é a hora. Será que se dará bem com Kylian Mbappé e concordará em dividir os holofotes se for bem-sucedido?

Em um trabalho em que a gestão é mais importante do que a tática, Zidane permanecerá no papel que funcionou tão bem para ele no Real Madrid. Por tudo isso, nunca demonstrou apetite para desenvolver jogadores jovens (a começar por Vinicius Júnior, que foi criticado pelos próprios torcedores) e nunca se deu tão bem quanto se dava com jogadores estabelecidos e experientes.

Um técnico conservador depois de Deschamps: Zidane seguirá os os do antecessor e a linha de seus colegas ses. Depois que o hype diminuir, terá que cavar sua própria cova ou corresponder às expectativas. E, por que não, mostrar que um técnico francês pode ser ousado e moderno.