Após a polêmica saída de Xavi Hernández do comando técnico, muitos pensavam que o Barcelona, sob a orientação de Hansi Flick e sem a possibilidade de grandes contratações devido aos problemas com o teto salarial, iria viver uma campanha de transição. Ainda mais com o grande rival, o Real Madrid, saindo de uma dobradinha no campeonato e na Liga dos Campeões.
Confira a classificação de LaLiga
Mas o treinador alemão encontrou um clube com fome de vencer. O estilo ousado e arriscado, apesar da grave lesão do capitão Ter Stegen, apresentou resultados desde o início: o Barça venceu os primeiros sete jogos do campeonato. O time chegou a ter cinco pontos de vantagem sobre os blancos, até que uma crise gigantesca abateu a equipe nos últimos dois meses de 2024.
No início da segunda metade de LaLiga, e com a ameaça de Dani Olmo ser afastado pelo resto da edição devido aos problemas financeiros, os blaugranas se encontravam a sete pontos do Real Madrid, que liderava a classificação. Quatro rodadas mais tarde, já em fevereiro, recuperaram a liderança e não largaram até se consagrarem campeões.
Flick e o renascimento de Raphinha, Lewandowski e Koundé
Os reforços de Dani Olmo e Pau Víctor, o retorno de Éric García, bem como a posterior contratação de Szczesny, foram as únicas novidades na equipe principal. Rapidamente, surgiram jogadores que não tinham tido continuidade com Xavi, como Marc Bernal e Marc Casadó - o último assumiu o lugar do primeiro, após uma fratura no joelho, e chegou até a ser convocado para a seleção espanhola.
E, claro, o renascimento de Lewandowski e Raphinha, a evolução infinita de Lamine Yamal, a regularidade de Pedri e até a contribuição de Ferran Torres como 12º homem: todos foram argumentos para justificar o triunfo do Barça sob a direção de um Flick que soube elevar o vestiário com uma mentalidade imbatível.
Naturalmente, a gestão psicológica foi combinada com um trabalho com e sem bola que deu frutos espetaculares, com mais de 160 gols em todas as competições. Sem posse de bola; sempre com a linha defensiva no meio-campo, atuando como um violino com a pressão dos meias e atacantes; espaços fechados; adversário sufocados na distribuição de bola e a recuperação perto da área adversária.
Com a bola nos pés, foi um espetáculo ver mais uma vez as parcerias internas no ataque, ou a forma como abriram o campo com os pontas permitindo o avanço dos laterais ofensivos, como Koundé.
Dá para perceber quando uma equipe trabalha duro e o Barcelona demonstrou perfeitamente sempre que necessário. Especialmente nos Clásicos, ganhando todos, inclusive as duas finais da Supercopa da Espanha e da Copa do Rei. O último confronto entre os gigantes da temporada foi o que aproximou os Culés do título de campeão.
La Masía, ao poder
A academia do clube é normalmente a solução quando não se tem dinheiro para ir ao mercado. O Barcelona gastou tudo e mais um pouco do que podia em Dani Olmo, um ex-jogador da base que saiu ainda adolescente para a Croácia.
Campeão europeu com a seleção espanhola, Olmo tem mostrado o seu talento aos poucos, por vezes devido a problemas físicos. Por isso, a maior parte do tempo, foram outros que puxaram a carroça.
Lamine Yamal, que ainda nem completou 18 anos, foi o que mais se destacou, e muitos já o apontam como candidato à próxima Bola de Ouro. Mas, como já dito, não foi só o camisa 19. A peça que Flick colocou em campo e triunfou veio da procura por um "novo Sergio Busquets", que encontrou dois Marc's, Bernal e Casadó.
Fermín deu mais um o em frente depois de um verão sensacional como campeão europeu e olímpico. E Gavi tem sido Gavi em alguns momentos, tão amado pelos seus como odiado pelos outros, mas sempre contribuindo.
Na defesa, Cubarsí virou indiscutível na defesa e tornou Christensen e Araújo dispensáveis. Até mesmo dois "párias", como Éric e Gerard Martín, acabaram com destaque no final, ao mostrar suas virtudes e justificar o fato de fazerem parte dos novos campeões de LaLiga.
Em resumo, o Barça de 2024/25 foi compacto, global e capaz de vencer qualquer adversário com reviravoltas impossíveis. Só falhou na Europa, onde a Inter de Milão levou a melhor. Mas, na Espanha, conquistou a tríplice Liga, Copa e Supercopa - e ameaça mais no futuro.