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Opinião: Argentina sambou na cara de um Brasil atordoado, anos-luz do seu maior rival

Gol espírita de Matheus Cunha deu esperança somente aos mais inocentes
Gol espírita de Matheus Cunha deu esperança somente aos mais inocentesLuis ROBAYO / AFP
O que foi visto no Monumental de Nuñez, nesta terça-feira (25), na goleada de 4 a 1 da Argentina sobre o Brasil, foi algo histórico. Um vexame para escancarar a diferença de nível, momento e maturidade dos dois times. De um lado, um time pronto. Do outro, um emaranhado de convocados de um comandante que esteve tão perdido quanto seu time dentro de campo.

Mais do que o resultado, o desempenho tão diferente dos rivais, ficará marcado e será lembrado por muitos anos. 

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A "porrada" prometida pelo atacante Raphinha ficou longe de acontecer. Na verdade, ela apareceu, em letras garrafais, mas do lado hermano, que aplicou um eio incontestável sobre a Seleção Brasileira, do técnico Dorival Júnior.

Com seis alterações e a presença de atletas que ainda buscam entender o que é vestir a camisa da Amarelinha, o Brasil foi presa fácil para uma Argentina que atua junto há um bom tempo e que não demorou a colocar o Brasil na roda. Vale lembrar que Messi e Lautaro não entraram em campo...

Com menos 10 minutos de jogo, gritos de "olé" já eram entoados pela torcida da Albiceleste, que poderia muito bem ter saído de campo com uma goleada ainda mais elástica diante de um adversário perdido e sem qualquer poder de reação.

A apatia do Brasil, desde o começo, foi desoladora. Um time que pareceu ter entrado em campo entregue e que pouco fez para diminuir o eio. Dorival, na beira do campo, gritava quando, na verdade, sua ação deveria ter sido outra.

Uma mudança tática urgia, mesmo que sem substituições. Mas ele preferiu esperar o baile do primeiro tempo terminar para fazer algo quando o estrago já estava feito. 

Jogo ou treino?

O resultado deixou clara a diferença de nível e momento das duas principais seleções da América do Sul, pelo menos no nome e título. Porque na bola, o Brasil está ficando pra trás e sendo superado por adversários que conseguem ter um desempenho coletivo bem superior. 

Durante todo o jogo, o Brasil correu contra o prejuízo, com a partida tendo ares de treino, tamanha facilidade no toque de bola e nas penetrações dos donos da casa. Foi algo surreal de se ver, parecia que o Brasil tinha um ou dois jogadores a menos.

O gol espírita de Matheus Cunha deu esperança somente para os mais inocentes. Não demorou para o baile hermano seguir, com a Seleção mais parecendo um arremedo no diminutivo. 

Apesar de estar diante de um dos maiores clássicos do planeta, o Brasil pareceu entrar em campo para um amistoso contra um adversário qualquer, sendo facilmente superado por uma Argentina em outra rotação. 

O "delay" do Brasil, com os jogadores chegando atrasados até mesmo na hora de matar as jogadas, foram um prato cheio para a Argentina deitar e rolar no que tinha tudo para ser um jogo mais disputado, com o equilíbrio ando longe. A torcida hermana voltou pra casa em êxtase, delirando pela chacota verde-amarela. O Brasil esteve atordoado em campo, lembrando com alguma precisão o termo barata tonta. 

Chama apagada

Jogadores de diferentes pesos na Seleção, desde Murillo e Joelinton ao provocador Raphinha, ando pelo talento de Vini Jr., todos estiveram em uma noite para esquecer, que pode culminar na contagem regressiva de Dorival Júnior no comando do Brasil. 

O eio fez os argentinos aproveitarem para fazer Raphinha se lembrar, ainda no intervalo, do tamanho da besteira cometida, como se o Brasil estivesse com alguma moral para desbancar a Argentina em Buenos Aires. 

A falta de noção do atacante do Barcelona certamente trouxe um grande aprendizado, que veio da pior forma possível. Uma sonora goleada para a Argentina faz o Brasil cair na real do seu lugar de momento e dos anos-luz que está da atual campeã do mundo, que viveu um dos ápices da sua história após a conquista no Catar.