Na semana ada, a FIFA revelou o luxuoso troféu de seu novo campeonato, e o sorteio dos grupos está marcado para 5 de dezembro.
No entanto, a sete meses do jogo de abertura em Miami, muitos patrocinadores e emissoras ainda duvidam da viabilidade do Mundial.
A FIFA esperava que, a esta altura, já tivesse fechado todas as cotas de patrocínio e televisão, mas há no momento apenas um parceiro confirmado: a empresa chinesa de eletrônicos Hisense.
Segundo o jornal britânico Guardian, só a Apple TV fez uma oferta para transmitir o torneio globalmente, mas por um quarto dos US$ 4 bilhões que a FIFA imaginava arrecadar.
No mês ado, a FIFA tentou aumentar o apelo midiático de seu torneio ao classificar o Inter Miami para disputar o Mundial.
Via de regra, é o campeão local que representa o país-sede na competição. Mas embora o time de Lionel Messi tenha sido eliminado nos play-offs da MLS, a entidade que regula o futebol mundial decidiu que o Miami ganharia a vaga de anfitrião por ter sido o melhor time da temporada regular na liga dos Estados Unidos.
"Totalmente equivocado"
O ex-presidente da FIFA, Joseph Blatter, reconheceu em meio a todo este imbróglio que assumir o Mundial em 2005 "foi um erro” de sua gestão.
“A FIFA deve se preocupar com as federações nacionais, não com os clubes”, disse Blatter em outubro ao jornal suíço 24 Heures, acrescentando que o formato do Super Mundial do ano que vem é "totalmente equivocado".
Blatter concordou com os sindicatos de jogadores europeus, que entraram com uma ação contra a FIFA em junho, desafiando a entidade pela “decisão de criar e programar o Mundial de Clubes de 2025”.
A ação veio dias após o técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, afirmar que muitos clubes, inclusive o seu, iriam "recusar o convite” de participar no torneio.
O Real acabou desmentindo seu treinador, mas não está contente em ter de disputar uma competição extra de um mês enquanto seu rival Barcelona vai estar de férias, antes do início da pré-temporada do futebol europeu.
Apesar da repreenda a Ancelotti, o Real Madrid ainda não prevê em seu orçamento para 2025 nenhuma receita do Mundial de Clubes.
Um mundial que é projeto pessoal
A "copa do mundo de clubes" é um sonho antigo do atual presidente da FIFA, Gianni Infantino.
Em 2016, nove meses após sua eleição, Infantino anunciou a primeira proposta de versão ampliada para o Mundial, que, desde 2005, envolve apenas sete equipes.
A UEFA ameaçou greve contra Infantino, que teve de recuar. Em 2017, ele sugeriu uma competição com 24 times a partir de 2021, mas o plano morreu por conta da pandemia.
Em 2022, Infantino conseguiu aprovar uma versão com 32 equipes, a ser realizada de quatro em quatro anos, sem consentimento dos clubes europeus.
O primeiro torneio — que conta com Flamengo, Fluminense, Palmeiras e o campeão da Libertadores de 2024 — deverá ser disputado de 15 de junho a 13 de julho nos Estados Unidos, se não for cancelado.
Além dos planos de Infantino que não viraram realidade, a FIFA já tem no currículo um Super Mundial que deu errado em cima da hora. O torneio de 2001, que já tinha times e tabela divulgada, acabou morrendo devido à falência da ISL, parceira comercial da FIFA.
“Quanto ao Mundial do ano que vem, ao que tudo indica vai acontecer", disse uma fonte da FIFA ao Flashscore.
Contudo, a competição precisa vender suas cotas de patrocínio e transmissão para sair do papel. Outro risco que a FIFA corre é de ter os grandes clubes da Europa mandando times alternativos para competir no Mundial, esvaziando ainda mais seu interesse ao redor do mundo.