Ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão sobre o trabalho de Ancelotti, é claro. O italiano chegou ao Brasil há menos de duas semanas e só teve dois dias de treino com o elenco completo. E não custa lembrar que ele jamais havia trabalhado com uma seleção.
Veja como foi Equador 0x0 Brasil
É possível, porém, elencar alguns fatores — positivos e negativos — que podem ser decisivos para o sucesso do novo técnico da Seleção Brasileira. Confira abaixo.
Solidez defensiva
A defesa que quase não era vazada nos ciclos anteriores virou um problema no caminho para 2026. Dos oito jogos anteriores, só em um o Brasil não havia sofrido gol. É preciso estancar a sangria para reencontrar o rumo, e a estreia de Ancelotti foi animadora nesse sentido.
O técnico teve muitos méritos ao apostar no estreante Alexsandro (5/5 em duelos) e promover o retorno de Casemiro (5/5 em desarmes), dois dos melhores em campo. Para uma Seleção que vinha de uma goleada humilhante da Argentina, limitar o vice-líder das Eliminatórias a poucas chances é algo a se comemorar.

Escalação de Estêvão
A Seleção Brasileira tem por hábito um cuidado excessivo com jogadores jovens. Basta lembrar da frustração pela não convocação de Neymar em 2010. Estêvão, um dos grandes talentos do país desde então, nunca havia sido titular com a amarelinha. Mas Ancelotti tratou de mudar isso.
A confiança no jovem de 18 anos, por si só, já é um alento. E Estêvão mostrou muita personalidade em campo, fazendo por merecer novas chances. Enquanto isso, na melhor seleção do momento, Lamine Yamal é indiscutível desde os 16 anos. Só um entre os vários exemplos que o Brasil teimava em não seguir.

Camisa 10 para Vini Jr.
Raphinha é o nome da vez, mas Vinícius Júnior é a grande esperança do Brasil para 2026. Para o hexa ser um sonho viável, Ancelotti tem a missão de extrair do atacante o que ele ainda não entregou com a amarelinha.
A camisa 10 é um símbolo que deixa clara a confiança do técnico no jogador. Vini Jr. precisa acreditar que é o protagonista da Seleção, e o gesto de Ancelotti dá a ele esse e.

Aposta frustrada em Richarlison
A hierarquia na Seleção e a parceria anterior com Ancelotti justificavam a convocação e a escalação de Richarlison no começo de trabalho do novo técnico. O que se viu em campo, porém, foi um atacante que não rende em alto nível há muito tempo.
Richarlison mostrou muita dificuldade para dar sequência às jogadas e sequer finalizou nos 64 minutos em campo. O atacante ainda pode se recuperar até a Copa, mas o momento de vestir a 9 da Seleção claramente não é agora.

Falta de controle no meio
O Brasil carece de um meia controlador de jogo há muitos anos. Falta material humano para saber quando acelerar e quando pausar o ritmo em campo. O duelo contra o Equador voltou a escancarar esse problema, mesmo com a qualidade de Casemiro, Bruno Guimarães e Gerson. É o maior desafio de Ancelotti para 2026.

Baixa produção ofensiva
A Seleção ou em branco após seis jogos seguidos marcando. Foram apenas três finalizações em toda a partida — e só duas no alvo. É de se esperar que o repertório ofensivo cresça com mais tempo de trabalho, mas vale o alerta.
