Mais

Renato Paiva é apresentado como técnico do Botafogo: "Meu DNA encaixa com o clube"

Renato Paiva volta ao Brasil após dois anos para assumir o comando do Botafogo
Renato Paiva volta ao Brasil após dois anos para assumir o comando do BotafogoVitor Silva/Botafogo
O Botafogo apresentou o técnico Renato Paiva nesta sexta-feira (28), no mesmo dia do anúncio oficial. O português de 54 anos foi escolhido por John Textor após um processo seletivo de quase dois meses e assinou com o Alvinegro até dezembro de 2026.

"É com enorme orgulho e satisfação que chego a este gigante do futebol mundial e brasileiro. É o objetivo de qualquer treinador treinar um clube como o Botafogo, com esta história e seu presente. Quando surgiu a oportunidade eu não pestanejei e fiz tudo ao meu alcance”, afirmou Paiva.

O português fez uma retrospectiva da carreira de técnico, desde as categorias de base do Benfica, em que permaneceu por 16 anos, até as agens por Independiente del Valle, León e Bahia. Paiva esteve à frente da equipe brasileira em 2023 e conquistou o título estadual. Depois, comandou o Toluca-MEX.

"No Toluca tive o meu melhor trabalho não só em qualidade, mas em números. Não chegamos na final, mas a fase regular não. Eles coincidem com o DNA do meu futebol e se encaixam com o DNA do Botafogo. O torcedor exige que se ganhe e vamos jogar com essa forma de jogar, o 'Botafogo Way', como diz Textor”, declarou.

Estilo de jogo

Renato Paiva ressaltou que está consciente do que a torcida alvinegra quer em termos de qualidade de atuação. Para o novo técnico, a visão de jogo que pretende implementar vai agradar os torcedores.

"Tenho uma proposta de jogo ofensiva, ter a bola o maior número de tempo possível e, quando perdermos, recuperá-la da mesma forma. Equipe que não é reativa, que procura o gol adversário. Fundamentada no desenvolvimento individual dos jogadores. Acredito que todos, conectados, terão um coletivo muito mais forte. Invisto muito nisso com os jogadores, com relação muito próxima", explicou.

O português apontou a necessidade de uma consistência defensiva maior no Botafogo e usou a derrota para o Racing, na Recopa Sul-Americana, como exemplo. 

"Temos que ter um equilíbrio entre ataque e defesa. Uma equipe grande tem que saber atacar de várias formas e entrar nas defesas de maneiras diferentes. Quero que ataquemos com muitos e saibamos defender com poucos. Saber defender com poucos tem a ver com questões posicionais. Às vezes você acha que está controlando o adversário, mas não está”, afirmou.

O segundo gol do Racing, na Argentina, foi assim. Precisamos eliminar referências de contra-ataques dos adversários. Quando perdermos a bola, todos têm que tentar eliminar a posse do adversário. Vamos trazer de volta a organização defensiva sem perder o DNA ofensivo da equipe”, completou.

O técnico terá quase um mês para organizar a equipe e se considera sortudo por ter essa janela. A estreia de Paiva no comando será em 30 ou 31 de março, no primeiro jogo do Brasileirão, contra o Palmeiras.

“Treinador não olha para os problemas, mas soluções. É uma base campeã, extraordinária em nível técnico, psicológico, e com ambição. Ganharam títulos de forma histórica, como na final da Libertadores com um jogador a menos. É só dar um toque com a nossa forma de ver o jogo. Tenho certeza absoluta de que os torcedores ficarão muito orgulhosos”, destacou.

Projeto alvinegro conquistou Paiva

Paiva chegou ao Botafogo depois do clube ficar dois meses sem um técnico definitivo. Segundo o português, a visão do proprietário John Textor combina com o olhar de jogo de sua comissão técnica.

Este projeto é um casamento perfeito. Os jogadores vão aproveitar muito. O Artur deixa uma marca positiva. Temos a pressão de ganhar, com uma torcida que quer ganhar. O sonho de qualquer treinador é jogar por títulos. Dentro de tudo isso, o nome do Botafogo era suficiente. Foi uma proposta dentro de tudo o que eu vejo”, elogiou.

A primeira coisa que me fez aceitar o projeto é o escudo, a grandeza e a história. Chego em um momento que vou treinar o campeão do Brasil e da América. Isso juntando a uma história de gente tão ilustre, como Garrincha, Maurício, Túlio, Nilton Santos... isso era mais que suficiente quando o convite chegou”, ressaltou.

Elenco de experiência e juventude

O novo técnico foi anunciado no mesmo dia que a janela de transferência se encerra, mas não demonstrou preocupação. Paiva garantiu que os jogadores à disposição o deixam muito satisfeito.

Mescla experiência com juventude. Temos jovens que deixam água na boca para trabalhar para que tenham rendimento esportivo o mais rápido possível. Esse equilíbrio é muito difícil em um clube grande. Tem que dar oportunidade, mas em um contexto favorável para crescerem e não comprometer o resultado. Como dizia John, sempre falta alguma coisa, mas estou satisfeito com o que vou encontrar”, disse.

Textor justifica demora na contratação

O dono da SAF do Botafogo abriu a apresentação de Paiva com uma explicação para a demora na escolha de um novo treinador. O americano afirmou que fez diversas entrevistas porque gosta de entender o trabalho dos candidatos.

Aproveitei esse tempo não só para entrevistar, mas ter conversas com um número de treinadores. Gosto de ter essas discussões bem próximas, entre técnicos e eu. Isso levou a rumores sobre quem receberia ofertas, se faríamos propostas, se fomos rejeitados. A maior parte não foi verídica”, declarou Textor.

O proprietário do clube ainda rebateu as críticas da torcida após a derrota na Recopa e demonstrou revolta com  a atitude de alguns torcedores.

"Se eu chegasse aqui em 2021 e fizesse uma proposta aos torcedores, dizendo que daria quatro títulos ao Botafogo em 15 anos, eles me dariam tudo para que assumisse. Aqui estamos”, afirmou.

“Todos têm razão de ficar bravos, mas não de se comportar assim e mandar uma carta aberta como fez a Torcida Jovem. Todos da família Botafogo implorariam para ter um ano como tivemos, acima do Flamengo e de outros grandes clubes", concluiu Textor.