É a primeira vez que a cerimônia, marcada para 26 de julho, acontece fora de um estádio.
Em entrevista à AFP, Jolly e Thierry Reboul, diretor das cerimônias dos Jogos de Paris, detalharam o percurso deste desfile fluvial de três horas, com espetáculos ao longo de seis quilômetros protagonizados por centenas de artistas.

Como vão os preparativos?
"O primeiro trabalho, o de construir, em conjunto com os artistas, toda uma história ao longo destes seis quilômetros, foi validado em julho de 2023. O conceito ou para a fase de estudo de viabilidade: o Sena não tem a mesma profundidade de um local para outro, o vento não sopra da mesma forma em cada ponte, (deve-se) evitar perturbar os habitats naturais da biodiversidade. Este estudo foi concluído no final de 2023. Sonho e realidade estão hoje 90% harmoniosamente combinados. Restam 10% para adaptação. Muitos cenários já estão sendo construídos. Os artistas já foram contatados, e os ensaios podem começar a partir de março".
Como serão realizados os ensaios?
"O espetáculo não poderá ser ensaiado no rio. Os ensaios acontecerão em ambientes fechados, em grandes hangares e em uma base náutica, para tudo que envolve a água como material. Serão ensaios fragmentados. Nos dias anteriores à cerimônia, poderemos uni-los, para que depois todos possam descobrir a montagem final".

Qual é o papel dos barcos?
"Temos cerca de 100 barcos para as delegações, que são quase 200 no total. Elas embarcarão antes da Ponte Austerlitz, em um cais de três quilômetros de extensão. É uma logística enorme. Eles seguirão um atrás do outro, com distâncias calculadas ao segundo. Já fizemos uma série de testes, vamos fazer mais com metade da frota e depois com 100%, para que os capitães das embarcações estejam familiarizados".
Como será a cerimônia?
"Uma dúzia de apresentações acontecerão da Ponte de Austerlitz ao Trocadéro. Serão protagonizadas por delegações de atletas e animadas por artistas de todas as modalidades: circo, dança, música, performance, artes plásticas etc".

Algum código foi quebrado?
"Normalmente, uma cerimônia tem 45 minutos de espetáculo artístico, duas horas de desfile de delegações e uma hora de elementos protocolares. Quis entrelaçar estes três principais eixos habituais, integrando os elementos protocolares no artístico, o desfile no artístico, para que tudo isso forme uma grande festa homogênea".
Qual é a filosofia da cerimônia?
"O mundo inteiro estará observando Paris. Na televisão, serão entre 1 bilhão e 2 bilhões de espectadores. É hora de perguntar: quem somos nós? Para onde vamos? O relato que escrevemos conta a história do que é a França, presente ao longo do rio com todos os seus monumentos, e do que a França será. Quero que cada espectador se sinta representado. A França é Edith Piaf e (o rapper) Jul, ou (a soprano) Natalie Dessay. É uma variedade de gêneros musicais. A França é queijo, mas também pretzel, cuscuz. É uma grande diversidade. A ideia é reafirmar que a França é uma história que se enriquece constantemente".

Em caso de chuva ou problemas de segurança, há um plano B?
"Existem vários planos de contingência. Por exemplo, se chover, sabemos que, em um determinado nível de previsão, distribuiremos capas. Listamos tudo o que pode acontecer e quais respostas podemos fornecer. Temos muitos planos possíveis. Mas o local da cerimônia continuará sendo o Sena. E continuará aberto ao público na cidade".
A cerimônia ará em frente à Catedral de Notre-Dame. Como vão integrá-la?
"É uma noite de festa, não podemos deixar de prestar homenagem a esta nova flecha que subirá no céu de Paris".