Mais

Candidatos à sucessão de Thomas Bach na presidência se apresentam para membros do COI

Busca pelo sucessor de Thomas Bach no COI avança
Busca pelo sucessor de Thomas Bach no COI avançaSEBASTIAN CHRISTOPH GOLLNOW/DPA/dpa Picture-Alliance via AFP
A corrida para substituir o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, em março, chegará ao auge nesta quinta-feira (30) com a prova oral dos sete candidatos diante dos membros do COI.

"Se um dos candidatos for um pouco fraco no exame oral, a eleição está tão aberta que pode fazer uma grande diferença", disse à AFP o especialista em Olimpíadas da Universidade de Lausanne (Suíça), Jean-Loup Chappelet.

As apresentações do francês David Lappartient, do britânico Sebastian Coe, do espanhol Juan Antonio Samaranch e dos outros quatro candidatos serão realizadas a portas fechadas por meio de videoconferência, assim como a votação quase parcial com regras drásticas de confidencialidade.

No entanto, cada um deles terá 10 minutos para conversar com a imprensa reunida em Lausanne, na Suíça, a partir das 7h30 (horário de Brasília). Será a primeira oportunidade de ouvir todos eles desde que o alemão Thomas Bach renunciou em agosto ado, dando início à disputa pela sucessão.

Marcada para 20 de março em Costa Navarino, na Grécia, a eleição será o oposto da votação anterior de 2021, quando Bach era o único candidato na disputa e foi reeleito por uma maioria esmagadora.

O consenso em torno do ex-esgrimista bávaro, que está à frente do órgão olímpico desde 2013, foi substituído por um confronto entre sete candidatos com perfis muito diferentes e visões opostas sobre questões econômicas, políticas e ambientais.

Jogos em cinco continentes?

Alguns são ex-campeões, como Kirsty Coventry, 41 anos, do Zimbábue, sete vezes medalhista olímpica na natação, e o líder da World Athletics, Sebastian Coe, 68 anos, bicampeão olímpico de 1500m e diretor dos Jogos de Londres 2012.

Outros são líderes de federações internacionais de ginástica, caso do japonês Morinari Watanabe, e de esqui, caso do sueco-britânico Johan Eliasch, ou combinam funções, como o francês Lappartient, presidente do Comitê Olímpico Francês e da União Internacional de Ciclismo.

Os dois últimos são figuras do poderoso conselho executivo do COI: o príncipe Feisal Al-Hussein, filho do ex-rei da Jordânia, e o espanhol Juan Antonio Samaranch Jr., filho do icônico presidente do COI de 1980 a 2001.

Nos programas revelados no final de dezembro, todos oferecem propostas diferentes para os desafios futuros, desde a receita até o impacto das mudanças climáticas e da inteligência artificial. Possivelmente, a proposta mais surpreendente vem de Morinari Watanabe: o japonês se destacou com a possibilidade de dividir os Jogos Olímpicos em cinco cidades, cada uma em um continente, com uma transmissão contínua.

Poucos meses depois da controvérsia sobre o gênero de duas boxeadoras medalhistas de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris, a argelina Imane Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting, Sebastian Coe e Johan Eliasch insistem em "salvaguardar o esporte feminino", uma questão sobre a qual os rivais têm sido mais discretos.

O que fazer com os russos?

Do lado político, os desafios não são menores para um COI que historicamente se preocupa com a "autonomia" do mundo esportivo: como abordar o diálogo com Donald Trump tendo em vista os Jogos Olímpicos de 2028 em Los Angeles, lidar com o Talibã para proteger as esportistas afegãs e ajudar o esporte palestino, devastado pela ofensiva israelense, e o que fazer com os russos quase três anos após a invasão da Ucrânia.

Sobre a questão, onipresente na última parte da era Bach, David Lappartient e Juan Antonio Samaranch Jr. sugerem cautelosamente que os russos devem ser reintegrados ao esporte, mas sem especificar em que condições: sob uma bandeira neutra, em intervalos e fora das competições por equipes, como nas Olimpíadas de Paris? Ou trazendo de volta o hino, a bandeira e a delegação completa, como nos Jogos de Inverno Milão-Cortina em 2026?

Sebastian Coe, por outro lado, adotou uma política de exclusão pura e simples no atletismo mundial e nem sequer menciona os russos ou os aliados bielorrussos em seu manifesto. A prioridade geopolítica do britânico é "alcançar mercados inexplorados com grande potencial, especialmente na África e na Ásia".

Uma declaração de intenções que não a despercebida quando a próxima grande decisão do órgão será conceder os Jogos Olímpicos de Verão de 2036, para os quais a Índia, a África do Sul e a Indonésia são candidatas, com o Catar e a Arábia Saudita na disputa.