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Brasileirão Feminino A1 conta com recorde de estrangeiras em 2023

Trio de colombianas acertou com Atlético após desafio internacional
Trio de colombianas acertou com Atlético após desafio internacionalDivulgação/Atlético
Boa parte dos times participantes da Série A1 do Brasileirão Feminino, que começa nesta sexta-feira (25), conta com maior número de estrangeiras da sua história em 2023. Segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o número de estrangeiras inscritas para a disputa da elite em 2023 é o maior já registrado na história da competição. No total, são 40 jogadoras de outros países no futebol brasileiro.

O êxodo de atletas gringas para o Brasil no atual momento pode ser explicado de algumas maneiras. É fato que, assim como o Brasil já é um mercado consolidado e desperta muita atenção e interesse de atletas do futebol sul-americano masculino, tal caminho também é trilhado entre as mulheres. 

São exatos 40 anos desde que a prática do futebol feminino no Brasil, em 1979, foi autorizada mediante uma lei. Mas foi somente em 2013 que as mulheres tiveram a primeira edição de um Campeonato Brasileiro, realidade que os homens vivenciavam há décadas. 

Desde então, o crescimento tem sido permanente, com a CBF exigindo, desde 2019, que todos os clubes da Série A masculina tenham um elenco feminino. O o seguinte deste processo foi os clubes começarem a formar categorias de base, importantes para abastecer a equipe de cima. No último ano, o futebol feminino quebrou o recorde de público em jogos da modalidade duas vezes seguidas.

"O calendário do futebol feminino ajuda muito. Hoje, temos uma temporada cheia. A vinda de atletas estrangeiras ao nosso país se dá pelo bom nível técnico de nossas atletas, pelo nível de competitividade entre as equipes e pela boas estrutura de trabalho", analisa Adilson Galdino, técnico do Real Brasília-DF

Atlético-MG e Palmeiras são os times com mais "forasteiras" na elite do futebol feminino do Brasil em 2023. São seis estrangeiras para cada time. As "Vingadoras" contam com uma venezuelana, duas uruguaias e três colombianas. Com a realidade ainda não permitindo olheiros, uma situação que é bem aproveitada pelos clubes são os confrontos diretos. 

Dayana Rodriguez é uma das gringas no elenco das Vingadoras
Dayana Rodriguez é uma das gringas no elenco das VingadorasAtlético-MG - Divulgação

 

As experiências internacionais fazem com que atletas estrangeiras sejam observadas e conhecidas de perto. As três colombianas contratadas pelo Atlético-MG para esta temporada vieram após duelo com o Deportivo Cali. 

O fluxo migratório também aparece no Real Ariquemes, de Rondônia, que contratou uma paraguaia para esta temporada. Cruzeiro, Flamengo, Real Brasília, Real Ariquemes, Ferroviária, Atlético-MG, Internacional, Grêmio, Avaí Kindermann, Santos e Palmeiras contam, em 2023, com o maior número de estrangeiras em sua história recente. Os que não contam com estrangeiras são Ceará e São Paulo.

Expandindo a exigência

Em busca de valorizar ainda mais a modalidade, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, afirmou que até 2027 todos os times das Séries A, B, C e D precisarão ter uma equipe feminina.

"Acredito que, com o crescimento mundial do futebol feminino, ligas crescendo, novas divisões sendo criadas, novos clubes de camisa investindo na modalidade, ocorre uma ampliação deste 'ecossistema', e assim, uma demanda maior por mais atletas", comenta Thiago Ferreira, analista de desempenho e de mercado e criador de conteúdo no site Planeta Futebol Feminino.

Para Ferreira, o número de estrangeiras poderia ser ainda maior se a visão dos clubes brasileiros fosse expandida. "Acredito que o mercado internacional das equipes brasileiras ainda é muito às jogadoras sul-americanas. E ao contrário das equipes mexicanas, por exemplo, ignora as possibilidades de se contratar jogadoras centro-americanas e africanas", explica.

Real Brasília também conta <mark>com</mark> estrangeiras no seu elenco
Real Brasília também conta <mark>com</mark> estrangeiras no seu elencoJúlio César Silva

Brasileiras saindo, estrangeiras chegando

Enquanto estrangeiras chegam, brasileiras deixam o país. Muitas atletas que jogam por aqui rumam para a Europa ou Estados Unidos quando se destacam. "Isso faz com que novos postos de trabalho sejam abertos. Eles estão sendo ocupados por jogadoras de base e por estrangeiras de países vizinhos", comenta Ferreira.

Das 23 atletas convocadas recentemente pela técnica Pia Sundhage, da Seleção Brasileira, 16 atuam fora do país, principalmente na Europa. 

O custo-benefício de atletas estrangeiras fala mais alto quando os clubes precisam repor suas peças. "Essa maior competitividade inflaciona o mercado, isso aumenta a cada ano. O assédio é grande e muitas brasileiras acabam indo jogar nos principais centros. Na hora de substituir estes nomes dentro deste mercado, as sul-americanas aparecem como uma boa opção para manter a qualidade", explica Carol Melo, gerente do futebol feminino do Atlético-MG.  

Palmeiras conta com seis estrangeiras em seu elenco
Palmeiras conta com seis estrangeiras em seu elencoFabio Menotti/Palmeiras

Confira o número de estrangeiras de cada time da Série A1 do Brasileirão Feminino

Athletico-PR: uma

Atlético MG: seis

Bahia: uma

Ceará: nenhuma

Corinthians: uma

Cruzeiro: duas

Ferroviária: duas

Flamengo: três

Grêmio: duas

Internacional: três

Kindermann: quatro

Palmeiras: seis

Real Ariquemes: uma

Real Brasilia: quatro

Santos: quatro

São Paulo: não tem