Ainda não dá para acreditar. Luka Doncic deixou o Dallas Mavericks depois de ter sido praticamente descartado por sua franquia. Um desfecho improvável, que faz com que o gênio esloveno vá para o Los Angeles Lakers. Ao mesmo tempo, Anthony Davis está indo para o Texas. A NBA está em choque.
ado o estado de "incredulidade" com a decisão de Dallas, podemos nos aprofundar nas consequências dessa troca. No papel, a parceria Doncic e LeBron James desperta ansiedade por parte dos fãs da NBA, enquanto Davis formará uma dupla externa/interna muito interessante com Kyrie Irving. Teremos que esperar para ver quem é o verdadeiro vencedor dessa negociação, mas, enquanto isso, ela levanta muitas questões.
Luka Doncic e LeBron James: será que vai dar certo?
Dois gênios na arte do basquete, dois jogadores extremamente completos - é algo com que os torcedores do Lakers sonham. LeBron pode estar no final de sua carreira, mas ainda ostenta uma média de 24 pontos / 9,1 assistências / 7,6 rebotes por jogo e, apesar de ter acabado de completar 40 anos, continua sendo a força motriz do Lakers. Mas há uma coisa que chama a atenção.
LeBron é o quinto no ranking de maior número de triplos-duplos na carreira (121) e terá de conviver com Doncic, que é o sétimo no ranking (80). A principal questão que surge desses números é se esses dois jogadores conseguirão jogar juntos. Agora é hora de analisar a taxa de utilização, que é a porcentagem das posses de bola de um atleta tendo como base o tempo de quadra e a estatística geral da equipe.
Luka Doncic tem a terceira maior taxa de utilização da NBA (32,8%), e LeBron James, a nona (30,4%). Isso significa que ambos os jogadores têm a bola em suas mãos com frequência, portanto, ela terá de ser compartilhada. Recentemente, LeBron já tentou coexistir com um jogador com uma alta taxa de utilização - Russell Westbrook.
Foi um fracasso em todos os aspectos, forçando a equipe a colocar o MVP de 2017 fora do banco para equilibrar o jogo, o que obviamente não vai acontecer com o esloveno.
É claro que o aspecto defensivo também é motivo de preocupação. Doncic ainda é considerado um defensor pouco habilidoso e, aos 40 anos, LeBron não é mais uma referência nessa área. Mas a equipe terá o ônus de montar um time titular capaz de se equilibrar defensivamente... ou então assumir que essa parte do jogo será negligenciada para se concentrar no potencial ofensivo dessa combinação.
Kyrie Irving e Anthony Davis: uma conexão óbvia?
Menos chamativa no papel, essa nova dupla faz sentido, logicamente porque é formada por um jogador externo e um interno. Mas, além disso, os Mavs estão recebendo de volta um dos melhores "quatros" da liga, e ele mesmo ite que é melhor nessa posição do que como pivô.
Ele provavelmente deverá fazer par com Daniel Gafford, um pivô que não recebe muito reconhecimento e trabalha em silêncio, que se alimenta do que lhe é dado e que deve se limitar às tarefas sem glamour e deixar AD fazer o que quiser.
Defensivamente, os Mavs terão uma âncora nessa área. Davis já foi finalista do prêmio de Jogador Defensivo do Ano e três vezes integrante do Primeiro Time Defensivo da NBA (e duas vezes do Segundo Time). Seu impacto foi questionável nessa temporada, mas durante seu tempo no Lakers, ele mostrou claramente seu talento nessa área, e os Mavs, que têm o 13º melhor índice ofensivo da temporada, tirarão o máximo proveito disso.
No que diz respeito a Kyrie Irving, ele se tornará o principal manipulador de bola dos Mavs. Embora sua parceria com "Luka Magic" tenha sido bastante eficaz devido ao seu imenso talento no jogo fora da bola, já o vimos se desenvolver como criador de jogadas e os resultados individuais estão à vista. Por exemplo, cinco dos seis jogos de sua carreira com pelo menos 50 pontos ocorreram em um cenário em que ele era o principal armador da equipe. E quando se trata de sua parceria com AD, os sinais são bons.
Apesar de ter jogado por muito tempo com LeBron e depois com Doncic, ele tem uma média de 5,6 assistências em sua carreira e, o que é mais importante, ele provavelmente nunca teve um interior tão forte para servir. Portanto, o "pick'n'roll" deve se tornar comum no Texas e, com dois jogadores tão fortes, a média de pontuação no meio da quadra deve aumentar.
Possível sucesso para Doncic longe de Dallas?
Como já foi dito, Doncic precisa da bola. É como armador que ele brilha, portanto, terá de aprender a compartilhar. Mas, além disso, o esloveno nunca jogou com um companheiro de equipe tão prestigiado. Hoje, ele é mais forte que LeBron James, mas não é mais conhecido ou mais renomado.
Em Dallas, Luka era o cara. A equipe foi criada para ele e em torno dele. Cabia a ele dar vida ao ataque e levar a equipe adiante ofensivamente. A prova está na performance da equipe - oito vitórias e 11 derrotas - desde que o esloveno machucou a panturrilha em dezembro, e também reflete no desempenho ofensivo da equipe.
Mas é claro que Doncic nunca jogou em outro time além do Dallas na NBA. E, acima de tudo, ele terá que digerir essa transferência totalmente inesperada. Nenhum dos jogadores envolvidos na troca sabia disso e, como peça principal, parece que ele não aceitou bem. A loucura que o cerca em Dallas será multiplicada por dois ou três, ou 10. As luzes brilham mais em Los Angeles do que em qualquer outro lugar. Isso será um obstáculo?
Provavelmente não. Depois que a decepção ar (ele nunca pensou em deixar o Dallas, mas a NBA é assim mesmo), ele estará pronto, sem dúvida. Uma jovem estrela que se tornou profissional aos 16 anos de idade no Real Madrid, ele nunca se esquivou da pressão e correspondeu às expectativas desde sua chegada à NBA. Aceitar essa pressão não será um problema para "Luka Magic".
Mavs e Lakers candidatos ao título?
Essa troca pode mudar o jogo. Sem dúvida, os Mavs ganharam uma equipe mais complementar, equilibrada e sólida... no papel. O fato é que as duas estrelas dos Mavs estão na casa dos 30 anos e são frequentemente afetadas por lesões, o que não é o ideal, especialmente com Klay Thompson também envelhecendo. Mas, defensivamente, isso pode ser muito importante, especialmente nos playoffs.
Quanto aos Lakers, eles agora têm duas das maiores estrelas da NBA, o que faz sentido para um dos maiores mercados da liga. Do ponto de vista econômico, essa negociação é uma dádiva de Deus para a equipe do Purple & Gold. Vendas de ingressos, vendas de camisas, merchandising - todos os indicadores estarão em alta.
A parceria entre Luka e LeBron também é um presente dos céus para a NBA, cujos índices de audiência estão em baixa há algum tempo, e não há dúvida de que a liga apresentará a dupla assim que o esloveno estiver pronto.
Mas, do ponto de vista esportivo, o Lakers tem até a noite de quinta-feira para ajustar seu elenco antes do prazo final de trocas. O Lakers agora tem grandes deficiências defensivas, que terão de compensar, porque, do jeito que as coisas estão, os cinco titulares correm o risco de desmoronar defensivamente, e não é certo que o talento ofensivo de suas duas estrelas será suficiente para compensar esse desequilíbrio.
O Dallas tem menos pressão, e os cinco titulares parecem bons. No geral, essas duas equipes têm talento mais do que suficiente para terminar entre os seis primeiros e se classificar diretamente para os playoffs.
Para o título, por outro lado, Lakers e Mavs não podem se dar ao luxo de perder uma de suas duas estrelas na pós-temporada. Nos últimos anos, foram as equipes que se desenvolveram e amadureceram, às vezes assumindo riscos, mas não tão grandes quanto esse, que chegaram até o fim.
O exemplo mais recente de uma troca alguns meses antes dos playoffs de 2019 que resultou em um título é o Raptors de 2019. E, novamente, a chegada de Marc Gasol não é nada comparada a essa negociação. É um risco enorme, que só será compensado com pelo menos uma participação na final. Mas é difícil ver o Lakers e o Mavs dominando Thunder, Rockets ou até mesmo o Nuggets nessa Conferência Oeste altamente competitiva. Mas adoraríamos que provassem que estamos errados...
